Ainda faz sentido avaliar as pessoas?

Assessment | Artigo publicado na Revista Human Janeiro 24

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Começamos logo por analisar a palavra «avaliar»: em qualquer dicionário da língua portuguesa significa «determinar o valor… calcular… estimar ou determinar a grandeza…» – ou seja, a essência da palavra tem uma conotação de «por à prova», de «mostrar aquilo que valemos aos olhos de alguém». Todos sabemos o impacto que as palavras provocam em nós, e não é por acaso que a comunicação é um eixo efetivo da gestão e não apenas uma soft skill.

 

Remeto esta reflexão, no contexto da gestão de pessoas, apenas para perceber se não fará sentido conectar a palavra «avaliar» a valorizar/ growth. A base de qualquer processo de avaliação deve ter como primeiro suporte a consciência de cada um, do seu propósito, do sentido do seu caminho-meaningfully (um lugar, uma missão, um propósito). A partir daí, o ato de avaliar ou de gerir deve caber a cada um, a partir do equilíbrio entre «o seu propósito e o seu impacto», perceber desequilíbrios e diminuir vazios.

 

 Se queremos equipas cada vez mais autónomas, mais conscientes de si, mais centradas no impacto, fará sentido avaliar essencialmente a partir de outros? Estarão os outros também conscientes do seu propósito e do seu impacto, e serão capazes de avaliar? Avaliar, no sentido de valorizar, é um ato de empatia, um ato virtuoso de liderança, que presenteia a essência da pessoa, enquanto ser atuante num ecossistema, mais do que o seu posicionamento face a um conjunto de métricas e dimensões.

 

O convite nesta reflexão centra-se na importância de cada um explorar a sua essência (ser capaz de perceber o sentido daquilo que estamos a fazer e a sentir) em cada contexto em que atuamos, de ser capaz de fazer a sua auto análise como consequência de um suporte consistente entre «o desafiar e o orientar (dar suporte)». Aqui entra a liderança ao serviço dos outros (a única que importa, de resto).

 

A observação e o feedforward ao outro recaem essencialmente em estimular-lhe uma consciência maior do seu impacto, e por isso da sua vulnerabilidade e da sua diferenciação – permitir por isso um olhar autónomo para o sentido da sua vida.

 

Na minha opinião, a trilogia «Instinto, Intuição e Inspiração» faz cada vez mais sentido na ideia da inteligência do futuro, permite mostrar aquilo que é extraordinário em nós, dando aos outros atos de generosidade, e por vezes interromper a normalidade, deixar fluir num ambiente que chega a ser caótico… sair do ambiente cómodo. Admito que torne mais difícil o ato clássico de avaliar, mas admito que assim seja mais fácil crescer. Deixem florir o que estiver a «rebentar»!

 

Como consultores, na Pessoas e Sistemas estamos ao serviço dos desafios das empresas, e temos como uma das «bandeiras» a gestão de competências, que na prática não é mais do que «uma valorização de competências», em que colocamos o indivíduo perante ações, contextos, problemas. E observamos o quê? Essencialmente duas coisas: a tendência do comportamento (a base de valores e competências) e o impacto das ações. O resultado é sempre um convite a «um olhar para dentro», a um encontro com a sua verdade (que por vezes não queremos ver, nem queremos confrontar-nos) para darmos o melhor de nós e largar aquilo que não nos pertence. E seguir… numa maior conexão connosco e com os outros.

Avaliar não será tanto um caminho, talvez seja um «destino», e talvez procuremos mais o caminho…

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